Durban Declaration on REDD 2015 port
Durban, África do Sul
9 de Setembro de 2015
Nós, as comunidades locais, os movimentos campesinos, os Povos Indígenas e as organizações da sociedade civil de África e de todo o mundo, apelamos às Nações Unidas, ao Congresso Florestal Mundial, à Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), ao Banco Mundial e aos estados para que rejeitem modelos de desenvolvimento de cima para baixo, incluindo as falsas soluções para as mudanças climáticas e conservação das florestas e biodiversidade que apenas servem às economias dominantes do mercado.
Estamos unidos para nos opormos e rejeitarmos a comodificação, privatização e pilhagem da natureza, o que inclui REDD+[1] e outros mecanismos baseados no mercado incluindo compensações de biodiversidade e de conservação que põem o lucro acima do bem-estar da humanidade e do planeta.
Estes mecanismos incluem a “financeirização da natureza”, que comodifica, separa e quantifica os ciclos e funções do carbono, da água, das florestas, da faunda e da biodiversidade do planeta – tornando-os “unidades” passíveis de serem vendidas em mercados financeiros e especulativos. Contudo, a Mãe Terra é a fonte da vida, que necessita de ser protegida, e não transformada num recurso para ser explorado e comodificado como um “capital natural”.
REDD+ é também o pilar da Economia Verde. REDD+ está a ser equivocadamente anunciado como o salvador das florestas e do clima do planeta e é o principal resultado antecipado do Acordo da ONU em Paris sobre as mudanças climáticas em Dezembro de 2015. Além disso, REDD+ é uma falsa solução para as mudanças climáticas que já inclui florestas, plantações e agricultura no mercado de carbono.
Os relatórios mostram que a desflorestação e as emissões relacionadas continuam, e que o REDD+, ao invés de reduzi-las, está a ameaçar e a difamar as comunidades dependentes das florestas e aqueles que produzem a maioria dos alimentos do planeta – agricultores de pequena escala. Além do mais,
- REDD+ promove plantações de monoculturas de árvores e árvores geneticamente modificadas
- REDD+ aumenta a usurpação de terras e as violações de direitos humanos
- REDD+ restringe o acesso às florestas, ameaçando meios de subsistência e práticas culturais
- REDD+ causa violência contra camponeses, Povos Indígenas, mulheres e comunidades que habitam as florestas
- REDD+ é combinado com outras formas de compensação incluindo o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)
- REDD+ impõe às florestas o neoliberalismo orientado para o mercado, o que debilita e monetiza a conservação comunitária e os processos sociais/culturais e cria desigualdades
- Projectos REDD+ tendem a forçar as comunidades de subsistência na direcção da economia monetária e do trabalho assalariado explorador
- REDD+ obstrui e impede políticas muito necessárias que apoiam abordagens endógenas e bioculturais de conservação e restauração da biodiversidade.
Desta forma, juntamo-nos à Rede Contra o REDD em África e à Aliança Global contra o REDD para exigir que os governos, as Nações Unidas e as instituições financeiras parem com a experiência desastrosa que é o REDD e comecem de uma vez por todas a lidar com as causas subjacentes da perda florestal e das mudanças climáticas!
Apresentado pela Rede Contra o REDD em África (NRAN, na sigla em inglês) e pela Aliança Global contra o REDD, aprovado e apoiado pelos que seguem. Para ser apresentado ao Congresso Florestal Mundial 2015, CQNUAC COP21 e além:
Organizações
- No REDD in Africa Network
- Global Alliance Against REDD
- Indigenous Environmental Network
- JA!/Justica Ambiental – Friends of the Earth Mozambique
- All India Forum of Forest Movements/India
- Carbon Trade Watch
- CENSAT Agua Viva – Friends of the Earth Colombia
- Womin (Womens in Mining)
- Foundation Help/Tanzania
- Centre for Civil Society/University of KwaZulu-Natal,Durban
- Democratic Left Front
- Health of Mother Earth Foundation- Nigeria
- Fundaexpresion – Colombia
- Vasundhara- India
- SRDS Subdarban -India
- Envirocare-Tanzania
- COECOCEIBA – FoE Costa Rica
- The Development Institute – Ghana
- Censat Agua Viva – Amigos da Terra Colombia
- Afrikagrupperna , Sweeden
- Grassroots Global Justice Alliance (US)
- Just Transition Alliance, United States
- Border Agricultural Workers Project Border, El Paso, Texas
- The Institute for Agriculture and Trade Policy
- Hasan Mehedi
- CLEAN (Coastal Livelihood and Environmental Action Network)
- Khulna, Bangladesh
- ETC group (international)
- Oakland Institute, USA
- Community Alliance for Global Justice, Seattle WA
- Family Farm Defenders
- Indian Social Action Forum – INSAF
- All India Union of Forest Working People AIUFWP
- WILPF US Section, Boston MA
- Geasphere
- Leave it in the Ground Initiative (LINGO)
- Indigenous Perspectives-India
- Global Justice Ecology ProjectAnuradha Mittal,
- Hasan Mehedi
- CLEAN (Coastal Livelihood and Environmental Action Network)
- Khulna, Bangladesh
- Biowatch South
- Timberwatch
- Ashok Choudhary, General Secretary, All India Union of Forest Working People AIUFWP
- Focus on the Global South
- The Corner House (UK)
- Friends of the Earth International
- PLANT (Partners for the Land & Agricultural Needs of Traditional Peoples)
- Environmental Rights Action/Friends of the Earth Nigeria
- Attac France
- FoE France
- Andrey Laletin, Chairman,
- Friends of the Siberian Forests,Russia.
- Indigenous Perspectives-India
- EcoNexus UK
- Biofuelwatch
- Maendeleo Endelevu Action Program (MEAP)
- Fundación Solon
- WRM (World Rainforest Movement)
- Groundwork
- FOEAfrica
- TCOE ( Trust for Community Outreach and Education) South
- Rural Women’s Assembly (Southern Africa)
- People’s’s DialogueInternational
- Development Exchange (IDEX)
- Marea Creciente Mexico – Rising Tide Mexico
- Marea Creciente Ecuador – Rising Tide Ecuador
- Caravana Climatica por America Latina
- Center for Earth Jurisprudence
- Other Worlds (USA)
- Finnish Asiatic Society Soil Generation,of Philadelphia, Pa
Individuals:
- Peter Newell, Professor of International Relations, University of Sussex UK
- Pascoe Sabido,Researcher and Campaigner
- Michael K Dorsey
- Ruben Solis, University Sin fronteras, San Antonio Tx and Atlanta Georgia-USA
- Reynaldo padilla (Puerto Rico-San Juan)Caribbean Institue of Social Movements
- Michelle Pressend, South
- Brian Tokar, Institute for Social Ecology (Vermont USA)
- Elizabeth Henderson, organic farmer – Peacework Organic CSA, New York USA
- Leon Spencer, former Executive Director, Washington Office on Africa.
- Joshua Dimon, researcher
- Peter Steudtner, Germany,
- Lucia Jofrice, Moçambique
- Kirtrina USA
- Jim Kirkwood, Africafiles
- Cristian Guerrero- Quito, Ecuador
- Ruth Nyambura, Kenya
- Boaventura Monjane, Moçambique
As assinaturas estão abertas até 30 de Novembro de 2015
[1] REDD (Redução das Emissões da Desflorestação e Degradação Florestal) é uma iniciativa global para criar um valor financeiro para o carbono armazenado nas florestas e em todos os outros ecossistemas para compensar os governos e as companhias ou proprietários de florestas e agricultura nos países em desenvolvimento para que não cortem as suas florestas ou que reduzam a sua taxa de desflorestação e degradação florestal como um mecanismo de mercado para evitar emissões de gases de efeito de estufa. O REDD+ expande o REDD para desenvolver métodos de sequestro de carbono através da conservação das reservas florestais de carbono (e zonas pantanosas, sistemas agrícolas), gestão sustentável de florestas e incremento das reservas florestais de carbono nos países em desenvolvimento.